Se hoje sabemos de alguma coisa
sobre nossos antepassados, devemos isto a Jerônimo Rodrigues de Abreu, vulgo
Jerônymo Peró, com um livro, ipsis literis, na pessoa de José Pereira Lopes
Júnior. Uma narrativa histórica sobre Palmeiras de Goiás, publicada em 1946.
Dele nada sabemos a não ser que pertencia a família Rodrigues e foi um baita
Historiador sem carteirinha. Nos meados
de 1940, sua Viúva levou o rascunho do livro para José Pereira Lopes Júnior,
Historiador e membro da academia de letras de Goiás. O livro foi publicado em
1946 e permaneceu no anonimato até que em 2003, Hernani Lopes, prefeito de
palmeiras, pedir que o Historiador Paulo Bertran Investigasse a História de
Palmeiras de Goiás. Tinha que ser feito,
havia relatos fabulosos, algo estranho neles, como se o autor houvesse
participado dos atos de 1840 até 1900. Dizia que D Pedro I visitava com
freqüência a família de Jose Pedro Peró e que este trazia sua amante Domitila,
a marquesa de Santos. Que ali, o rei fazia caçadas e namorava muito. Ninguém
levou á serio. Diziam que tais relatos eram lendas, ficção criada por Jerônymo
Peró. Mas Bertran vasculhou os arquivos e provou que tudo que estava no livro
era um fato real do passado. Homens da guarda nacional do rei acamparam ali e
fundara a cidade da Freguezia do allemão. Lá estavam os farias. Moraes, Rodrigues,
Martins, Sardinhas, Lopes, Esteves, e outros que formam nossa genealogia. E um
alemão chamado Jonas, Garimpeiro, com esposa e um filho, que depois de sua
morte “João R dos Santos o casara com uma mulher de Minas gerais”
“O velho
falecido Manoel Rodrigues dos Santos Peró e seus filhos, eram muito amigos do
Imperador Dom Pedro I, todos aos anos vinha àquela fazenda dar suas caçadas,
matava veado ou porco do mato, trazia ao abarracamento para comer a carne,
trazia muitas mulheres de menos a rainha; esta família tinha grande amizade com
o Imperador, o qual Jonas sabia [...] (ABREU, apud LOPES, 1994, p. 41)”
O livro gira em torno destas
famílias e começa na pessoa do tenente Antônio Martins Ferreira de Andrade,
procedente de São Paulo chegou à capital da capitania de Goiás (Cidade de
Goiás) e requereu terras devolutas às margens do Rio dos Bois, depois de adquirida,
doou 800 alqueires de terras junto ao Córrego Azul, onde é hoje o distrito de
Linda Vista, no município de Cesariana. Depois de algum tempo o Andrades vendeu
estas terras para seus primos Milionários, os Martins de Moraes, más com o
compromisso de doar os 800 alqueires. Os Martins se esqueceram do compromisso e
eram sempre cobrados pelos Andrades, que então (os Martins) resolveram fazer
uma Igreja, mais não naquele local, alegando que ali era estrada de tráfico de
bebidas alcoólicas, que seria em outro local então. Foi aí que
encontraram o Alemão.
“No dia seguinte seguiram rumo ao
Córrego Alemão e chegando à casa de Jonas Alemão, por este foram bem recebidos.
Dizendo Jonas que aqueles senhores ser grande novidade, tantos homens de grande
valor ali reunidos, que se fosse possível queria saber qual era o motivo que àquela
hora estava ali àquela caravana? Respondeu o Sr. João Rodrigues dos Santos,
(Este bem conhecido de Jonas e mesmo grande amigo, e freguês de comprar ouro em
troca der mantimentos) disse a nossa vinda aqui é ver se poderá servir para
patrimônio, e nos levantar a Igreja. Respondeu Alemão, ótimo, só assim terei
companheiro para nós trocar idéias, e me dar recursos em meus garimpos; vivo
aqui eu minha mulher, e um filhinho, abandonado da civilização da humanidade,
moram aqui a trinta e oito anos, quase só em contato com as feras. [...] (ABREU
apud LOPES, 1992, p. 29”
Perguntado então pelo nome do
córrego ele Diz:
É o que tem o meu apelido de
córrego do Alemão, ficou com esse nome desde que passou por aqui a Comissão do
Imperador do Brasil, abrindo a estrada, da Cidade de Santo Antônio de Uberaba
em direção á Capital da província de Goiás, de maneira que daquela data em
diante ficou com esse nome.
E Jonas era Muito amigo de José
Pedro Rodrigues dos Santos Peró.
José Pedro Rodrigues dos Santos
Peró, o Pedro Peró era uma lenda em Rondonópolis. A terceira geração guardou
bem em suas memórias os relatos das Bravuras feitas por ele. Historias estas
que pareciam absurdas e exageradas quando contadas por nossos pais. Más quando
se lê uma destas bravuras em um livro, o assunto toma outra cor. Uma desta esta no livro,quando morre
Germano,filho de Pedro Peró, de 17 anos. A igreja católica assina nova ordem
para a população de que não poderá mais ser enterrado dentro das igrejas; más
sim no pátio. Pedro peró se revolta. Chegando o cortejo, o secretario tenta
barrá-lo. “Dentro da igreja não! Diz ele. Não reconheço sua ordem, diz Pedro e
manda seus homens abrir a cova dentro da igreja e enterra seu filho, tampando
tudo como estava antes, deixa o local.”
Depois desta os Rodrigues criam um novo cemitério. Quem quiser ser enterrado deve pagar.
Pedro Peró foi um Homem Honesto.
Jonas o alemão tinha ouro. Muito ouro. 11 Garrafas cheias e muito mais
escondidas. Era arisco e desconfiado, mudava sempre os locais onde estava
enterrado o ouro. Certo dia, nos meados de 1842, pede a seu amigo Pedro Peró
que venda seu ouro na corte do Rei, em Petrópolis, Rio De janeiro. Pedro Peró
pede que ele vá junto, dizendo que na serra da Mantiqueira havia muitos
assaltantes, e por outro lado chovia muito que deixasse mais para frente. Mais
Jonas adoece e cai de cama queimando em febre. A mulher de Jonas Procura Pedro
Peró que vai ter com ele. Fala onde esta enterrado o ouro, delirando não diz
nada certo, sem confirmar corretamente o local. Esta morrendo e não fala onde
este enterrado o Ouro. Depois de sua morte, Pedro Peró chama seu filhos e
escravos e procura o ouro, vasculha palmo por palmo e não encontra. E´ o fim. O
autor do livro termina dizendo:
"O tesouro de Jonas conserva
calmamente na entranha da terra, e qual será o felizardo? Um dia poderá dele
pelo acaso? Estas pessoas que muito procuraram nem uma pessoa se retiraram
daqui, e todos foram sepultados aqui pobres, e todos parentes de quem estas
linhas escrevem, de maneira que é uma certeza que ninguém o encontrou, e está
ela na entranha da terra calmamente. Não é contos de mil e uma noites. Não é
lenda, ou cousa imaginária. É certeza o grande tisouro de Jonas. É as minas de
Sabá? não, é de Salomão?, não, é de Jonas, sim."
(ABREU, apud LOPES, 1994, p. 44)
(ABREU, apud LOPES, 1994, p. 44)
E Jonas era Muito amigo de José
Pedro Rodrigues dos Santos Peró. Olha o que disse Pedro no velório do amigo
Jonas.
“morto na sala
de sua casa num jirau de taboca, espécie de cama, forrada com um lençol de
algodão, já manchado em muitos lugares de poeira, um travesseiro sem fronha
também, no mesmo estado do lençol; vestido em uma velha calça de fazenda de lã,
camisa branca de tafetá, colete e paletó também de lã, pés calçados com um par
de coturno velho, barba e cabelos crescidos.
[...] Este mundo, tudo é engano; e no engano
vivemos até a morte. Ajoelhando, rezando uma Ave Maria a alma de seu grande
amigo, e se levanta, descobre o rosto de Jonas, e pega em sua mão direita e diz
adeus Jonas, até breve, que de um a um, devagar vamos todos (ABREU, apud
LOPES, 1994, p. 42 “